Em entrevista exclusiva ao Portal, a cantora e ministra Heloísa Rosa fala de sua vida, conversão, família e ainda de seu ministério para o site Lagoinha.com. Confira esta super matéria na sequência.
Se seu inseparável e “amigo” violão falasse, com certeza, muita história ele contaria (ou “cantaria”?) a seu respeito. Pois muito mais que apenas um instrumento, seu violão foi e ainda tem sido quase que um confidente e uma “testemunha ocular” de tudo que ela viu e viveu desde o início de seu ministério e ainda vive até hoje. Ciente, ainda pequena, de que recebera um dom, Heloísa Rosa já se mostrava íntima daquele que seria seu grande companheiro: o seu violão. Até que aos 14 anos começou a aprender a tocá-lo. O tempo e a providência divina se incumbiram do resto. E foi só mesmo questão de tempo e por pura obra dos céus para que o público logo viesse a conhecê-la. Com três álbuns solos já lançados (fora outras participações em trabalhos de ministros e ministérios amigos) e distribuídos pela Graça Music – o Liberta-me (gravado em 2004, em Vitória, no Espírito Santo); o Andando na Luz (gravado em 2006, em São Paulo); e o mais recente, Estante da Vida (gravado em 2008, em Curitiba, Paraná) -, Heloísa Rosa, gradativa e solidamente galga seu espaço no já concorridíssimo cenário musical gospel, ainda que sua real pretensão não seja a de ser conhecida, famosa. Ela é dona de um caráter e uma voz inconfundíveis. No caso específico de sua voz, ela já foi comparada por muitos à da cantora e compositora secular Paula Toller, do grupo também secular Kid Abelha. Mas ela parece mais não se incomodar com isso. “Ahaaaaa!! De tanto as pessoas falarem isso, já me acostumei”, diz ela sem falsa modéstia. Longe, porém, de fazer tipo, Heloísa Rosa parece ser única também no que canta e fala. Para quem não a conhece tão a fundo assim, sua sinceridade e convicção poderiam soar como rispidez ou intromissão. O que não é o caso.
Nessa entrevista que concedeu com exclusividade ao Lagoinha.com na ocasião de seu retorno a Minas para falar num acampamento promovido pela Mocidade da igreja (Lagoinha), cujo tema foi a santidade (nada mais propício, não?!), ela nos recebeu pronta e carinhosamente para falar de sua vida, família e seu ministério (doze anos de estrada já). Casada com o também músico e ministro Marcus Grubert, Heloísa reside em Curitiba, no Paraná. Mas é mineira uai! A presente entrevista é também um presente e uma singela homenagem a ela, pois nesse dia 24 de novembro ela completa 27 anos de vida. Se seu violão falasse, com certeza diria: “Parabéns, Heloísa! Valeu a pena! Que venham os próximos 27 anos”. Eis então a entrevista:
Lagoinha.com: Ainda que educada no evangelho, o que diria de sua infância, adolescência e família onde foi criada?
Heloísa Rosa: Nasci num lar muito pobre e tive uma infância bem difícil. Meu pai separou de minha mãe quando eu tinha cinco anos e fui descobrindo que eu era uma música nesse tempo, porque gostava muito de cantar. Cantava na equipe de juniores da igreja. E todos esses sofrimentos psicológicos eu despejava na música em Deus. Assim, eu comecei a experimentar Deus muito cedo. Há caminhos pelos quais a gente passa que Deus cumpre, por meio deles, seus propósitos na nossa vida. Talvez eu poderia expressar outra coisa em Deus se tivesse um pai em casa. Mas hoje o que eu expresso é exatamente a experiência que eu passei de que eu venci. Então, a maior revelação que eu tenho de Deus hoje é a de um Pai. De me apegar a essa paternidade, acreditar nela e colocar tudo isso dentro de mim. Porque eu realmente acreditava e acredito nela. Assim, a maior revelação que tenho de Deus é de sua paternidade.
Lagoinha.com: A educação que teve então no evangelho partiu de sua mãe?
Heloísa Rosa: Não, porque o dois, meu pai e minmha mãe, eram evangélicos. Por isso que falo tanto contra a religiosidade. Porque não adianta você ir à igreja se você não tem vida com Deus, vida de família. Minha mãe sempre foi uma lutadora, como muitas mães brasileiras que são guerreiras. Ela me ensinou muitas coisas. E muitas coisas que sou e tenho hoje devo a ela.
Lagoinha.com: Ainda que sua conversão tenha sido um processo, a ponto de aos dez anos ter tido sua primeira experiência com Deus, saberia dizer quando despertou sua consciência de desenvolver uma vida espiritual e de uma maior necessidade de uma vida com Deus?
Heloísa Rosa: Foi quando eu era bem pequena mesmo. Eu me lembro de quando estava na escolinha da igreja, meus pais ainda juntos, e todas as vezes quando a professora perguntava se alguém queria entregar sua vida para Deus, eu estava lá. Eu vivo disso até hoje, da minha oferta a Deus, entende?! Sempre tive essa consciência desde pequena. Talvez por esses motivos que já falei de uma necessidade de um pai, de um homem dentro de casa. Eu ouvi que Deus poderia ser isso para mim hoje e me agarrei nEle. Ele é isso para mim hoje e sempre vai ser. É maravilhoso. Deus mudou a minha sorte, minha vida e devo muito a Ele. Minha vida toda devo a Deus.
Lagoinha.com: O que poderia dizer da música em sua vida e quando ela passou a ganhar contornos de ministério?
Heloísa Rosa: Eu descobri a música sempre como um dom. Sempre foi um “Nossa, eu posso adorar, eu posso cantar!…” Eu sempre me derramei diante de Deus, mesmo ainda adolescente, em Deus. E ninguém me conhecia. Eu cantava em cima de um pé de manga. As únicas músicas que conhecia eram da Assembléia de Deus, as músicas da Harpa Cristã. Eu cantava, cantava, e chorava, chorava. Hoje é que as pessoas pedem um profissionalismo, mas a música nunca foi assim para mim. Ela sempre foi a minha devoção a Deus. Assim, a música sempre foi uma ferramenta para expressar aquilo que creio e o Deus que eu sirvo.
Lagoinha.com: O violão é um companheiro seu quase que inseparável. Quem lhe ensinou a tocá-lo?
Heloísa Rosa: Eu comecei meio que sozinha. Uma pessoa na igreja na época me ajudou um pouco, mas não completamente. Fui pegando aos poucos e aos 14 anos e comecei a aprender. Foi muito difícil porque não tinha violão em casa, tinha de pegar emprestado. Me lembro de que eu morava na casa de uma pessoa e toda vez que eu tocava, eu ouvia ela dizer: “Ah, pára de tocar esse violão… Que coisa…” Enfrentei sim algumas dificuldades porque quando você é jovem você considera muito o que as pessoas falam e sei que não desisti porque sempre gostei de cantar quando criança e o violão ajudou a fazer isso de uma forma mais legal. Meu intuito de aprender a tocar violão foi para ficar no quarto adorando a Deus e mais nada.
Lagoinha.com: E quando saiu do quarto e começou a chegar na igreja?
Heloísa Rosa: Quando as pessoas viram que eu era afinadinha, convidando: “Faz back para mim! Canta aqui na igreja!” Comecei na igreja local, dos 12 para 13 anos, na Igreja Batista do Tirol, em Minas. Na equipe local fiquei por cinco anos. Depois disso, conheci o David Quinlan e o pastor Cirilo. E aí foi. E agora, desde 2004, a gente tem feito um trabalho pessoal.
Lagoinha.com: Quais foram suas referências musicais e espirituais além de David Quinlan (do Ministério Paixão, Fogo e Glória – MG), Petra (antigo grupo cristão de rock da década de 1990, dos EUA), Darlene Zschech (do grupo australiano Hilsong) e Delirious (banda gospel inglesa)?
Heloísa Rosa: Já tem tempo que passei por essa fase de treinamento. Aproximadamente com David e Cirilo (pastor Antônio Cirilo, do Ministério Santa Geração, em Contagem, Minas Gerais) foram uns oito ou nove anos. Eles me ensinaram coisas que hoje eu entendo e que na época não entendia. Eu consigo entender o coração da minha equipe porque eu fui liderada por eles porque eles também passaram por muitas situações com equipe, com músico. E músico, se não é convertido, é só Jesus. Muitas coisas eu não entendia e questionava. Mas hoje entendo eles completamente. Que pena, porque dá vontade de voltar no tempo e dizer: “Pôxa, eu poderia ter entendido lá!…” Mas o processo de crescimento é assim mesmo. A gente começa achando que já sabe tudo, Deus trata a gente dentro de uma equipe e saímos porque Deus fala que a gente tem de sair, porque ficou muito cômodo. E de repente, você vê que aquelas pessoas que passaram na sua vida se tornaram ícones no sentido de trazerem um norte para a sua vida. Assim, essas pessoas são marcos na minha vida de buscar e amar a Deus, de adorá-lo. São referenciais para mim: David Quinlan, Cirilo, Ricardo Robortela (do Ministério Clamor Pelas Nações, em Contagem, Minas Gerais)… Mas há uma pessoa que trabalhou muito no meu caráter, que me confrontou muito. Ela se chama Carla Timponi. Sou muito grata a ela. Ela liderava a equipe do Clamor Pelas Nações. Era ela, o Ricardo e o Gérson Freire na época. Ela foi minha discipuladora mesmo. Tirava o violão do meu braço e falava: “Agora você vai adorar. Senta aí e adora a Deus. Você não vai cantar hoje”. Claro que ela não era grossa, mas firme. Na época, eu ficava revoltada. Achava que ela me invejava, que ia matar meu ministério. Era como se fosse Saul (o rei Saul da Bíblia, que perseguiu a Davi por muito tempo) e o diabo me perseguindo. Hoje eu vejo que era Deus que estava treinando e forjando o meu caráter. Essas pessoas nem sabem, mas eu amo muito mais elas hoje do que quando eu andava com elas.
Lagoinha.com: Houve uma experiência sua muito pessoal de ainda você estar ministrando e ter de ficar seis meses no banco. O que diria dessa experiência? Como foi isso?
Heloísa Rosa: Fui para um quarto adorar a Deus e lá na intimidade, Ele falou que queria que eu passasse pela cruz. Eu falei: “Como?”. E a resposta foi ficar seis meses sem cantar. A resposta foi: “Quando você entrar no quarto, eu não quero ouvir sua voz cantando. Fique aqui comigo. Não quero teu violão, não quero você cantando, não quero nada. Fique apenas comigo”. Foi um tempo muito difícil, porque os religiosos começaram a achar que eu estava grávida, que o Pr. Cirilo tinha me expulsado da equipe. Inventaram um monte de coisas. Mas Deus me honrou. Num culto de domingo, do Pr. Cirilo, a Martin Duke (esposa do ministro Dan Duke) que estava nos Estados Unidos chegou no dia. Ela não sabia de nada. Chegou no meio do louvor, no culto, me chamou e falou: “Deus tem te pedido algumas decisões e a igreja não tem te entendido”. Mas esse é o caminho que Deus tem para você. Ele quer que você receba agora. Não é hora de dar”. Todo mundo ficou pianinho e a igreja parou de falar. Ficou todo mundo quieto e entendeu que eu estava ouvindo a Deus. Durante esse tempo, Deus pediu para eu não falar nada, porque Ele ia me justificar. Eu não tinha que me justificar. Esse foi um tempo de buscar o Senhor intensamente. Claro que isso tem que ser por toda a vida, mas foi um tempo específico.
Lagoinha.com: Decorridos doze anos já de ministério, que avaliação faria hoje?
Heloísa Rosa: Amadurecendo, cada vez mais. Já andei nos extremos, mas agora estou andando no equilíbrio.
Lagoinha.com: Para fechar, como nascem suas canções visto que muitas ou a maioria delas parece ser fruto de sua vivência e experiência com Deus?
Heloísa Rosa: Ele fez um milagre na minha vida. Eu não sei se todos os músicos tendem a colocar nas músicas aquilo que é mais verdadeiro para eles. Se a gente disser “os músicos colocam nas músicas tudo aquilo que eles acreditam; é uma forma de expressar”, então eu posso que sou um músico e amo expressar aquilo que eu acredito. Se eu não acreditasse em Deus, eu iria expressar aquilo que acreditaria. Mas eu não consigo cantar uma coisa que eu não esteja vivendo. Por isso que muitas pregações minhas é aquilo que Deus está me confrontando, me moendo. Mas eu vejo que é aquilo que eu tenho que dizer, é a verdade. Só a verdade pode libertar a gente. Jesus falou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Toda verdade tem um potencial de libertação na nossa vida. Quanto mais eu ouvir verdade, mais eu vou ser liberto. Eu canto aquilo que eu acredito. E por isso, eu canto.
Por Marcelo Ferreira
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