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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

JOHN CHARLES RYLE - Pequena biografia

por Carlos António da Rocha
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Um homem e a sua esposa iam numa grande viagem. Enquanto ela observava a paisagem, ele retirou um livro da sua maleta a respeito de líderes cristãos do século dezoito. Impressionaram-no profundamente as curtas e expressivas frases que o autor tinha escrito como a lógica convincente e o penetrante conhecimento do poder espiritual que obrou por meio de Wesley[1], Whitefield[2], e Romaine[3]. Com lágrimas nos olhos fechou o livro, desejoso de experimentar o mesmo poder na igreja de hoje. O autor do livro era o santo do século dezenove, John Charles Ryle.
Com o tempo se esclarecem as coisas: discerne-se o importante do superficial, o permanente do transitório. Quase todos os livros publicados em 2011 estarão fora de circulação em dez anos. Não obstante, muitos autores - como Arthur W. Pink[4] e C. S. Lewis[5], que foram relativamente desconhecidos na sua geração- ganharam considerável influência com o correr do tempo.
Ryle foi um pastor anglicano do século dezenove. Nasceu em 10 de maio de 1816. Ao tempo da sua morte em 10 de junho de 1900, era relativamente desconhecido, além da Igreja Anglicana, na Inglaterra. Mas depois da morte de Ryle, os seus livros pouco a pouco ganharam popularidade. Ao escrever um tributo a Ryle em 2002, J. I. Packer[6] notou que se venderam mais de 12 milhões dos livros de Ryle e que tinham sido traduzidos pelo menos para doze idiomas; a cifra continua aumentando.[7]
Muitos pastores e os crentes em geral, provavelmente, têm lido as obras mais populares de Ryle: Holiness, Five English Reformers, ou Great Leaders of the Eighteenth Century[8]. “Cem anos mais tarde” escreve um biógrafo “podemos ver que houve poucos evangélicos de maior influência na era vitoriana que o Bispo Ryle.”[9]
Ryle foi contemporâneo de Charles H. Spurgeon[10], Dwight L. Moody[11], George Müller[12], e Hudson Taylor[13].Quando Ryle tinha 15 anos de idade, Charles Darwin [14]graduou-se na Universidade de Cambridge. A sua época foi a de Charles Dickens[15], da Guerra Civil norte-americana, e do Império Britânico em que sol nunca se punha.
QUEM FOI RYLE, E O QUE PODEMOS APRENDER COM A DA VIDA DESTE SERVO DE DEUS?
INFÂNCIA E CONVERSÃO
Ryle nasceu em 10 de maio 1816 em Macclesfield, Inglaterra, em uma família muito rica, a elite da sociedade, num berço d’ouro. O seu avô paterno acumulou uma fortuna, que deixou como legado ao pai de Ryle. John Charles era o filho mais velho, e cresceu rodeado de todas as comodidades. Esperava-se que o filho mais velho de uma rica família inglesa procurasse a sua profissão no Parlamento, e essa era a ambição de Ryle.
Ryle foi educado em Eton e depois ingressou na Universidade de Oxford em 1834. Era um excelente aluno que ganhou bolsas de estudo e que sobressaía entre os seus companheiros de estudo. Desenvolveu-se num jovem alto e de boa figura, de ombros largos, sobressaindo no remo e no críquete. A respeito da sua masculinidade, mais tarde escrever-se-ia: "A sua personalidade viril dominou duas gerações de evangélicos, e marcou indelevelmente uma terceira."[16]
Aos 21 anos de idade padeceu de uma prolongada infecção pulmonar. Durante o seu forçado isolamento, começou a ler a Bíblia, algo que, conforme admitiu, não tinha feito em 14 anos.
Num domingo durante a sua convalescença entrou numa igreja de Oxford no preciso momento em que se efetuava a leitura de Efésios 2:8: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” (Ef 2:8 ARC1995)
Foi compungido e entregou-se ao Senhor, e "desde esse instante, até à última sílaba registrada desta vida” assinala o seu biógrafo “jamais houve qualquer dúvida na mente de John de que a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes".[17]
CARREIRA INICIAL
Depois de sua graduação, Ryle esteve em casa de seus pais e preparou-se para o Parlamento. Numa manhã chegou a súbita e inesperada notícia de que seu pai estava arruinado financeiramente. Em junho de 1841, o banco do seu pai, impossibilitado de pagar as suas dívidas, declarou a falência. Da noite para o dia, a família Ryle perdeu a sua magnífica propriedade e toda a sua riqueza. Isto afetou Ryle pelo resto da sua vida. Mais tarde escreveu: "Levantamo-nos numa manhã de verão com o mundo a nossos pés, como sempre, e à noite deitamo-nos totalmente arruinados. As consequências imediatas foram amargas, profundamente dolorosas, e muito humilhantes".[18]
Criado na opulência, Ryle nunca pensou que teria de ganhar a vida como a gente comum. Agora, pela primeira vez, o jovem Ryle necessitava trabalhar. A sua educação em Oxford e a sua conversão apontavam para o ministério. Aos 25 anos de idade entrou no pastorado da Igreja da Inglaterra, dita Anglicana. Deus usa o mal para o bem.
O bispo de Ryle mandou-o para Exbury. Depois, aos 27 anos, foi transferido para uma igreja paroquial em Winchester. Uns quantos meses depois, foi transferido para Helmingham, até quase aos anos quarenta. Helmingham era uma paróquia pequena e tranquila. Ali Ryle pôde dedicar tempo à leitura. Providencialmente descobriu os escritos de grandes líderes cristãos de séculos passados que em grande maneira influíram na sua posterior pregação e nos seus escritos.
Os seus autores prediletos eram homens do século dezoito, como Wesley e Rowland[19]; homens puritanos do século dezessete, como Charnock[20] e John Bunyan[21]; e os reformadores do século dezesseis: Knox[22], Cranmer[23], Calvino[24], e Lutero[25]. "Os Seus sermões evangélicos” refere um autor “apoiados num estudo pessoal de 'santos' reformadores e puritanos, foram sempre o coração doseu ministério".[26]
CASAMENTO E FAMÍLIA
Além dos problemas econômicos, Ryle suportou a pouca saúde das suas duas primeiras esposas. Aos 29 anos, casou-se com Matilda Plumptre, que morreu dois anos depois, deixando-o com uma pequena filha, a quem ele teve de cuidar. Depois, morreram a sua mãe, o seu irmão e uma irmã. Sentiu-se como Job, sendo provado por Deus.
Aos 33 anos, casou-se com Jessie Walter, uma velha amiga dele, e de novo, reinou a felicidade na sua cabana rural. Depois de seis meses de matrimônio, Jessie desenvolveu uma prolongada enfermidade da qual nunca se recuperou. Ryle cuidou dela durante dez anos, ao mesmo tempo que cuidava da crescente família (Jessie deu à luz quatro filhos) e além desta tensão, atendia às suas responsabilidades pastorais.
Durante estes anos, Ryle começou a receber convites para pregar. Devido ao seu profundo amor por Jessie, muitas vezes viajava 30 milhas numa carruagem aberta no frio cru do inverno em vez de passar a noite longe dela. Aos 43 anos de idade, Jessie morreu. Pela segunda vez enviuvou, com cinco filhos a quem cuidar.
Aos 45 anos de idade foi transferido para a paróquia de Stradbroke. Ali conheceu Henrietta Clowes e casou-se pela terceira vez. Diferente das suas outras anteriores esposas, Henrietta gozava de boa saúde. Esse casamento foi grande e frutífero. Ela era uma boa música, tinha habilidades práticas, e era uma crente de fé profunda no Senhor.

OS SEUS ESCRITOS
Apesar dos seus problemas, a fama de Ryle como pregador e escritor foi-se espalhando. O seu ministério literário começou com tratados e foi-se expandindo com livros e comentários. Escreveu o seu primeiro folheto a respeito de cem aldeões que pereceram quando uma ponte local se derrubou. Deus dotou Ryle com a habilidade de escrever claramente, de maneira simples e lógica. Muitos tentaram copiar o seu estilo, porém, ninguém o conseguiu.
"Na hora da sua morte - assinala Fuller[27] - o bispo Ryle tinha escrita 300 mensagens em forma de folheto. A impressão dos mesmos ultrapassaria os 12 milhões e seriam lidos em dezenas de idiomas."[28] Com um profundo sentido de responsabilidade para com credores de seu pai, Ryle usou todas as regalias para saldar a sua dívida.
Ryle escreveu ainda na paróquia de Stradbroke comentários de cada um dos 4 evangelhos, que hoje são considerados clássicos: Spurgeon comentou dessas obras: “Valorizamos esses volumes ... O Sr. Ryle evidentemente estudou todos os escritores anteriores sobre os Evangelhos e trouxe à luz uma expressão individual de considerável valor”[29]
Ryle também sobressaía a escrever a respeito da história da igreja. Fazia-o com paixão, como se fosse uma testemunha presencial. Um admirador disse que Ryle escrevia história como um "entusiasta admirador "[30] dos homens cujo perfil esboçava. Isto era especialmente certo quando descrevia a vida de mártires ou de líderes de grandes avivamentos.[31]
BISPO DE LIVERPOOL
Em 1880, quando Ryle tinha 64 anos de idade, surpreendentemente o primeiro-ministro Benjamim Disraeli[32] o indicou para nomeação ao bispado da recém criada diocese anglicana de Liverpool. A nomeação surpreendeu a muitos. Ryle já não era um homemzinho, e o governo nomeava poucos evangélicos para esta posição. Ryle trabalhou diligentemente em Liverpool durante 20 anos, fazendo muito bem pela causa do evangelho. Ao descrever o seu bispado, G. C. B. Davies escreveu: "Nas suas relações pessoais combinou uma imponente presença com a audaz defesa dos seus princípios numa atitude bondosa e pormenorizada."[33]Depois da morte de Ryle em 1900, o seu sucessor, Bispo Chavasse [34] descreveu-o como "esse homem de granito com o coração de um menino". Essas palavras resumem perfeitamente o caráter e o ministério do Ryle.
LIÇÕES DA VIDA DE RYLE
O cristão de hoje pode aprender muito com a vida de Ryle.
Primeiro, a vida de Ryle recorda aos cristãos que devem atender aos deveres da família. Ainda que tivesse tido uma afetuosa e íntima relação com os seus três filhos, cada um deles com o tempo abandonou a fé de seu pai. Na sua ancianidade, esta foi a sua maior fonte de tristeza.
Segundo, a vida de Ryle recorda aos crentes que às vezes é necessário nadar contra a corrente. Ryle era um apaixonado evangélico numa época em que a teologia evangélica não era popular na Igreja Anglicana. Durante a sua vida, Ryle disputou com o Movimento de Oxford de John Henry Newman[35], com o Puseyismo[36] e com a crescente infiltração na Alemanha da teologia liberal. Fê-lo com inalterável lealdade aos princípios básicos das Escrituras: justificação unicamente pela fé, expiação vicária, a doutrina da Trindade, e a importância da pregação.
Terceiro, Ryle deu exemplo aos seus muitos oponentes da mansidão de Cristo. Associou as suas fortes convicções teológicas com amor e respeito pelos seus adversários. Adotou como lema este antigo ditado puritano: "No essencial, unidade; no secundário, liberdade; em todas as coisas, caridade". Ryle procurou praticar estes princípios. Alguns dos seus ferozes oponentes assistiram ao seu funeral. Apesar das diferenças, expressaram quanto amor haviam sentido da parte de Ryle.
Quarto, Ryle não tratou a história da igreja como algo corriqueiro. Pelo contrário, aprofundou-se nela e aprendeu da obra de Deus em gerações passadas. O resultado foi uma rica e vibrante fé, precisão doutrinal, tolerância com os opositores, e grande expectativa e desejo de experimentar de novo o poder espiritual das gerações passadas. Ryle conhecia o santo descontamento que muitas vezes sentem os que estudam a obra de Deus na história.
Quinto, os cristãos podem aprender de Ryle como continuar a trabalhar, até na idade avançada. Na agenda de Ryle não havia lugar para a reforma. Serve ativamente a Deus até ao fim, e orou para "morrer com as botas postas". Deus escutou a sua oração. Os seus melhores e mais frutíferos anos de ministério foram depois dos seus 64 anos.
Sexto, a vida de Ryle mostra a importância de perseverar no meio das provas. Ele suportou o colapso financeiro da sua família, a morte de suas três esposas, e as constantes críticas dos teólogos seus adversários. Apesar disto, aplicou na sua vida as disciplinas do Senhor e através das suas provas cresceu no "fruto de justiça e paz". Em Ryle, fez-se carne o antigo ditado puritano: "O que sofre, conquista".


FONTE:
No Caminho de Jesus – o único caminho para salvação. Site editado por Carlos António da Rocha http://www.no-caminhodejesus.blogspot.com/
Carlos António da Rocha
Em 10/VI/2011
Em S. Miguel do Pinheiro – PORTUGAL
com acréscimos de Armando Marcos

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